Na Represa há uma barragem escondida que ainda não contou toda a sua história

  • Por União das Freguesias de Gavião e Atalaia
  • 21 fev., 2025
A ribeira que hoje corre para o Tejo vinda da Amieira Cova, como parte de uma bacia hidrográfica de 26,7 km2, dá pelo nome de ribeira da Represa por uma razão muito óbvia: durante muitos anos as suas águas foram contidas por uma sólida barragem com dez metros de parede, no local hoje junto do desvio para a barragem de Belver/Ortiga na estrada nacional 118.

A barragem está quase toda de pé logo ali, junto a uma ponte mais moderna mas que perdeu serventia depois do aterro feito para o traçado atual da nacional 118.

A paisagem que hoje ali vemos nada tem a ver com a paisagem do tempo de vida ativa da barragem que hoje mal se vê devido à cobertura vegetal. Mas que está ali.

Desde quando? A resposta pode ser encontrada num estudo de 1986 da autoria de António de Carvalho Quintela, João Luiz Cardoso (arqueólogo natural de Belver) e José Manuel Mascarenhas sobre aproveitamentos hidráulicos romanos a Sul do Tejo. Mas esta barragem não será de origem romana, conforme é explicado neste estudo.

Esta barragem dava origem a uma albufeira com o comprimento de 900 metros e uma área inundada de 174 mil metros quadrados, isto é, 17,4 hectares. A maior área inundada das barragens incluídas neste estudo, a beneficiar do vale de fundo plano que se desenvolvia para montante da barragem (hoje cortado pelo aterro da nacional 118).

Estamos perante uma grande estrutura, constituída por dois muros de alvenaria argamassada, contraventados interiormente, com um enchimento de aterro na parte intermédia. O xisto foi o material de construção usado, aparelhado na horizontal mas sem os acabamentos perfeitos dos paramentos romanos.

Na base, os muros têm uma espessura de 2,5 metros e no topo de 1,8 metros, ou seja, podia-se caminhar sobre a parede.

Só se conhecem três barragens romanas deste tipo, na Turquia Ocidental e na Anatólia.

O estudo, que também está datado, aponta para a construção desta barragem que é património de Gavião em época filipina, quando Filipe II mandou para Portugal os seus engenheiros hidráulicos. Com as devidas reservas pois esta barragem, como se escreveu em 1986, carece de novos trabalhos arqueológicos e de pesquisa documental.

Na imagem de baixo podem apreciar os pormenores topográficos e também os cortes das paredes desta barragem, com a escala a definir a sua grandeza. Uma barragem que na sua época seria tão relevante como a contemporânea barragem de Belver, definindo no hoje lugar da Represa uma paisagem bem diferente da atual.



Por União das Freguesias de Gavião e Atalaia 24 de abril de 2025
"Onde estavas no 25 de Abril de 1974?", eis uma pergunta que por esta época é recorrente.

Hoje, quando faltam poucas horas para as comemorações dos 51 anos de abri l, José Joaquim Ratos Lucas, nascido no dia 17 de outubro de 1952 na Chança (Alter do Chão), pode responder: no Terreiro do Paço, onde chegou primeiro que o capitão Salgueiro Maia.

O "Zé da Margalha", como é conhecido e gosta de ser tratado, não nasceu no nosso concelho mas aqui chegou com 17 anos, para trabalhar para a dona Valentina Pequito Rebelo Raposo na propriedade das Cujancas e depois também na Margalha. Para onde trouxe toda a sua família. O seu pai era também pastor, o que não o afastava de outros trabalhos agrícolas.

Foi da Margalha que o Zé saiu para o serviço militar, em outubro de 1973, a poucos meses da Revolução. Passou pelo quartel de Elvas e depois pelo dos Caçadores 1 de Portalegre, estacionando no BC 8, junto ao Palácio de Belém. Por ter um número mecanográfico alto, não foi para para o ultramar.

Eram 5.30 horas do dia 25 de Abril de 1974 quando foi acordado, com ordens para seguir com os seus camaradas para o Terreiro do Paço. "Não sabíamos o que se passava", conta. 

No Terreiro do Paço, ficam a saber que está a chegar também uma coluna da Escola Prática de Cavalaria, vinda de Santarém, sob o comando de Salgueiro Maia. Mas essas coluna só chega em força às 11.30 horas.

Até lá, o Terreiro do Paço está envolvo em nevoeiro mas dá para perceber as movimentações ameaçadoras de uma fragata ao largo do Tejo. Era a fragata "Gago Coutinho" , com ordens para disparar para o Terreiro do Paço, onde estavam as forças militares revolucionárias. Mas isso o Zé e os seus camaradas não sabiam, apenas tinham a suspeito de que a presença do vaso de guerra era uma ameaça.

"Não estava fácil, apenas nos diziam que o que estava a acontecer era bom para o Zé Soldado, melhor alimentação, melhores condições", recupera o nosso entrevistado as palavras que iam sendo ditas pelos oficiais. Mas os soldados, acrescenta, não punham muita fé na vitória do golpe de estado. "Quando ali chegamos apenas dissemos que estávamos ali pelo Spínola e pela Escola Prática de Cavalaria", diz quem se recorda de um tenente-coronel que correu para a casa de banho subterrânea do Terreiro do Paço e nunca mais foi visto.

Zé da Margalha recorda também o momento emotivo que ocorreu quando uma coluna surgiu junto "à quina dos ministérios" e um tenente-coronel se dirigiu aos seus comandados com estas palavras: "Se eu vos mandar disparar, vocês disparam?" Tendo recebido esta resposta: "Saiba vossa excelência que não vamos disparar sobre camaradas". Posto que o oficial despiu a gabardina, mandou-a para cima de um muro e enquanto chorava disse: "Não ando a lidar com homens, ando a lidar com cobardes". E entregou-se, não sem antes esvarziar com tiros para o ar o carregador da HK21.

Pouco depois, o nosso Zé e mais três camaradas foram convocados para escoltar Salgueiro Maia até ao Largo do Carmo , onde estava o então chefe do governo, Marcelo Caetano. Seguem num panhard , um veículo blindado com uma metralhadora ligeira. "O Salgueiro Maia disse-nos para fazer segurança ao veículo e entrou sozinho "desse para onde desse".

O panhard voltou ao Terreiro do Paço enquanto Salgueiro Maia negociava a rendição de Marcelo Caetano. O Zé seguiu com outros camaradas para a Penha de França, para o quartel dos legionários. O casaco que tem vestido na foto deste texto - uma foto que adquiriu mais tarde na feira da Ladra - é dos legionários. O Zé é o primeiro desde a esquerda, na fila da frente, com casaco dos legionários e cravo na lapela.

"Comemos nos legionários e só depois de dizermos que não queríamos massa com esparguete. Serviram-nos bacalhau com grão. O ambiente já era mais descontraído e o povo já estava a sair à rua. Ofereceram-nos muitas coisas. Olhe, trouxe para o meu pai, para a Margalha, cento e tal maços de tabaco", conta, emocionado, quem viveu o primeiro dia da Liberdade por dentro dos principais acontecimentos.

Hoje, o José Joaquim vive pacatamente na Comenda, terra da sua mulher, Maria da Luz.


Por União das Freguesias de Gavião e Atalaia 20 de abril de 2025
Mais de duas centenas de pessoas participaram este domingo na procissão dos Passos , um dos momentos marcantes das celebrações da Semana Santa em Gavião.

A procissão já centenária na nossa vila contou com a participação da Banda Juvenil do Município de Gavião e percorreu grandes parte das ruas do casco histórico com muitas janelas e varandas a exibirem colchas com as cores alusivas à celebração.

Com as ruas enfeitadas de flores e os diversas estações da Paixão de Cristo muito bonitas, a procissão juntou também várias gerações, contando ainda com a participação do vice-presidente da Câmara António Severino, que ajudou a carregar o andor de Nossa Senhora das Dores que saiu da Capela do Calvário. Presença marcante foi também a da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Gavião .


Por União das Freguesias de Gavião e Atalaia 20 de abril de 2025
Com 150 velas a iluminarem o percurso entre a Capela do Calvário e a Igreja de Nossa Senhora da Assunção, a comunidade católica de Gavião cumpriu, na noite de Sexta-Feira Santa, uma velha tradição religiosa: a Procissão do Enterro do Senhor.

Uma procissão presidida mais uma vez pela padre Cristiano Pedro e que contou com a presenças de largas dezenas de crentes, numa noite em que a primavera era apenas uma marca do calendário.

Cortejo religioso e penitencial, este momento da Semana Santa convida à contemplação interior e à partilha colectiva do mistério da Paixão. À luz de archotes ou velas, esta procissão simboliza o cortejo fúnebre para a sepultura de Jesus, sendo celebrada em todo o país.

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